O Papel do BIM e GIS na Gestão de Dados para Operação e Manutenção de Sistemas de Saneamento

O Papel do BIM e GIS na Gestão de Dados para Operação e Manutenção de Sistemas de Saneamento

Stefania Dimitrov (*)

A gestão de sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário enfrenta desafios crescentes em relação ao gerenciamento eficiente de informações. Em muitos casos, observam-se lacunas significativas na troca de dados, dificuldades na interoperabilidade de sistemas e a perda de informações em diversas etapas do ciclo de vida dos empreendimentos. A escassez de dados em momentos de decisão pode resultar em custos adicionais e impactos negativos na qualidade dos serviços.

A gestão de dados sobre ativos na operação e manutenção dos sistemas de saneamento enfrenta problemas similares. Informações obtidas durante a concepção de um sistema de abastecimento de água ou esgotamento sanitário muitas vezes são substituídas pelas geradas na fase de projeto, que, por sua vez, são frequentemente descartadas após a conclusão da construção. Isso faz com que a operação e manutenção desses sistemas enfrentem dificuldades em acessar dados de fases anteriores, essenciais para a continuidade da gestão.

A solução mais comum adotada para contornar a falta de informações históricas na operação e manutenção envolve a geração de novos conjuntos de dados sobre a situação atual dos ativos. Infraestruturas construídas passam a ser vistas como uma fonte valiosa de dados. Isso inclui levantamentos terrestres (topográficos ou LiDAR), mapeamento com drones utilizando nuvens de pontos e ortofotomosaicos, além de levantamentos periódicos das redes implantadas, com registros in loco que resultam em relatórios fotográficos, desenhos, tabelas e laudos técnicos variados.

No entanto, tanto a falta quanto o excesso de informações podem causar o mesmo problema central: o acesso inadequado aos dados. A ausência de informações essenciais cria lacunas críticas, enquanto o excesso de dados, se não for gerenciado de maneira eficiente, pode sobrecarregar os sistemas e dificultar o trabalho dos gestores. A integração de dados coletados em diferentes momentos e locais ao longo da operação de um sistema de saneamento, muitas vezes armazenados isoladamente, representa outro desafio.

Para lidar com esses desafios, a solução promissora que estamos adotando é a criação de uma base de dados integrada usando sistemas BIM e GIS (Sistema de Informação Geográfica) hospedada em nuvem. Nesse contexto, os dados físicos dos ativos, como redes de distribuição de água, estações de tratamento, elevatórias e sistemas de esgotamento, podem ser integrados com informações geográficas, permitindo uma visualização detalhada e georreferenciada dos ativos em todas as fases do ciclo de vida.

A integração de BIM e GIS explicita o que é essencial, central, nessas duas siglas: o i de informação. A organização eficiente dos dados gerados ao longo do ciclo de vida dos ativos, viabiliza o acesso a informações que antes estavam fragmentadas, permitindo ampliar a qualidade das decisões, elemento central para a eficiência das operações dos ativos de saneamento.

(*) Stefania Dimitrov é gerente de BIM e Inovação na Sondotécnica, vice-presidente de Arquitetura no SINAENCO-SP e conselheira administrativa do BIM Forum Brasil.

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