Instituto Reúso de Água – IRdA lança importante discussão

Instituto Reúso de Água- IRdA lança importante discussão:

A importância do monitoramento para a segurança sanitária e ambiental na prática de reúso de água

“Como alcançar um equilíbrio entre a segurança e o cumprimento de uma periodicidade mais adequada de monitoramento?”

Fonte: Instituto Reúso de Água- IRdA – 26 de junho de 2024

De maneira geral, podemos afirmar que a prática de reúso de água, em que pese a sua relevância para uma gestão hídrica mais eficiente, carrega um risco de contaminação, uma vez que faz uso de efluentes tratados para diversos fins. O tratamento de efluentes, mesmo em níveis avançados, não elimina potenciais contaminações, mas as reduzem, de forma a atingir níveis aceitáveis ou até desprezáveis.

Quando dizemos que o reúso de água deve ser seguro e responsável, temos como pano de fundo, exatamente esta preocupação com a possibilidade de contaminação de seres humanos, animais e meio ambiente. No entanto, cientificamente, podemos afirmar que ao seguir orientações adequadas, a prática de reúso de água, além de ser segura do ponto de vista sanitário e ambiental, pode enriquecer e diversificar uma matriz com diferentes fontes de água, de forma a garantir a segurança hídrica regional.

Para garantir esses benefícios da prática, associamos padrões de qualidade de água para diferentes fins a um monitoramento adequado, no contexto da gestão do risco de contaminação. Essa tríade envolve padrões, monitoramento e avaliação de risco de contaminação.

Em geral, entendemos que padrões restritivos e um monitoramento com periodicidade reduzida garantem segurança. Mas quando dissociamos estes dois fatores da avaliação de risco de contaminação, podemos pecar pelo excesso de zelo e em vez de encorajar, estaríamos a desmotivar os avanços da prática.

O setor regulatório da gestão do reúso de água deve então se apoiar nos principais achados científicos de modo a não somente aceitar, como permitir padrões e monitoramento mais flexíveis, ao confiar em estudos de avaliação de risco de contaminação.

Estes estudos podem ser quantitativos, qualitativos e semiquantitativos, além de poderem envolver diferentes contaminantes. No caso da prática de reúso não potável, o contaminante mais sensível é o microbiológico, a partir dos agentes patogênicos. Estes, por sua vez, são monitorados a partir dos indicadores de contaminação fecal. Neste sentido, o padrão está relacionado à densidade de Coliformes Termotolerantes ou de Escherichia coli na água para reúso, que em função da aplicação, pode causar danos à saúde e/ou ao meio ambiente. Este entendimento se dá a partir da aplicação de estudos de avaliação de risco de contaminação microbiológica que garantam risco aceitável ou até desprezável, embora nem sempre devamos percorrer o risco desprezável. Para alcançá-lo, muitas vezes, temos que recorrer a tecnologias avançadas, de demasiada complexidade operacional, a um custo elevado. E talvez, todo esse esforço pode não ser necessário.

É neste contexto que entra a importância do monitoramento. Em linhas gerais, toda atividade para a qual se almeja êxito e segurança, deve ser monitorada de modo a garantir o alcance dos objetivos. Quando esta atividade gera risco, como é o caso do reúso de água, o monitoramento ganha destaque e segue atrelado à responsabilidade. Então, tende-se a acreditar que monitorar em uma periodicidade reduzida, ou seja, muitas vezes por ano, por exemplo, garante segurança. Mas por outro lado, um monitoramento excessivo é dispendioso, do ponto de vista financeiro e energético, além de demandar muitas horas de profissionais responsáveis pela coleta, transporte e manipulação de amostras, tabulação de resultados, emissão de relatórios etc. Assim, este monitoramento “apertado” pode desencorajar o avanço do projeto, além de onerá-lo em demasia.

Então, como alcançar um equilíbrio entre a segurança e o cumprimento de uma periodicidade mais adequada de monitoramento? A resposta é muito simples: com um estudo de avaliação de risco bem conduzido, realizado por um grupo multidisciplinar de profissionais responsáveis, com o retrato exato do empreendimento em questão. Ou seja, o estudo deve ser aplicado para cada caso, levando em consideração as características específicas (e não genéricas) de cada projeto em questão. Trata-se da aplicação da avaliação semiquantitativa de risco de contaminação microbiológica.

A lógica é razoavelmente simples, projetos em que o estudo de avaliação de risco de contaminação microbiológica demonstre risco mais baixo podem atender um monitoramento mais flexível; e o contrário também se aplica.

Por fim, há que se ter em mente que muitas vezes a água para reúso passa por tratamento, atende padrões de qualidade de água e é monitorada a contento. Outras águas usadas para diversos fins, não sofrem esse rigor. Assim, precisamos confiar na ciência e nas tecnologias de tratamento e produção de água para reúso, de modo a permitir e incentivar os avanços tão necessários à prática de reúso de água em todo o mundo.

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