O encaminhamento, em caráter de urgência, do projeto para a privatização da Sabesp à Assembleia Legislativa do Estado (Alesp) ampliou o debate sobre o futuro da companhia. Especialistas e dirigentes apontam eventuais prejuízos com a desestatização.
Na quarta-feira (19), o assunto foi o mais citado pelos parlamentares durante a sessão ordinária da Alesp. De acordo com o site da assembleia, o deputado Dr. Jorge do Carmo (PT) comparou o caso com a privatização da Enel: “A privatização da Eletropaulo reduziu as tarifas? Melhorou o serviço? Pelo contrário”.
Amauri Pollachi, diretor da Associação dos Profissionais Universitários da Sabesp (APU) e conselheiro do Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento (Ondas), ressaltou, em reportagem publicada pelo site Brasil de Fato, que muitas cidades pelo mundo que haviam privatizado suas empresas de saneamento reverteram esse processo, devido aos problemas gerados.
“Paris, Turim, Buenos Aires, várias cidades de médio porte da Itália, Portugal, Estados Unidos. Isso porque as tarifas foram muito elevadas, e a população teve dificuldades para arcar com o valor da sua conta de água, investimentos prometidos não foram realizados, houve lucros excessivos em favor dos acionistas das empresas”, afirmou.
“O acesso universal à água é um direito humano essencial. O acesso deve se dar tanto na qualidade, quanto economicamente, as pessoas não devem ser privadas do acesso à água se não tiverem uma condição social ou econômica que as impeça de ter esse acesso a um consumo mínimo de água”, complementou.
José Antônio Faggian, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema), afirmou que repassar a gestão de serviços essenciais como água e saneamento para empresas privadas, que por definição têm como prioridade o lucro, pode significar um enorme prejuízo para a população paulista – especialmente os mais vulneráveis.
“A gente sabe que a cada real investido em saneamento, se economiza 4 reais em saúde. As doenças de veiculação hídrica são um grande fator de mortalidade infantil, por exemplo, nos municípios onde o saneamento não é bem-feito”, afirmou.
“Então a empresa que gerencia o serviço de água e esgoto não pode ter como principal objetivo o lucro. Tem que garantir o acesso a esses serviços a todos, independentemente de sua capacidade de pagamento. Porque diz respeito à saúde e à vida”, argumentou.
De acordo com pesquisa Datafolha, 53% dos paulistas afirmam ser contrários à transferência da empresa a grupos privados. Outros 40% se declararam favoráveis, 1% indiferente e 6% responderam não saber.
Com informações dos sites Brasil de Fato, CUT e Alesp.
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