Microcontaminantes orgânicos na água de abastecimento em meio à atual catástrofe climática

Microcontaminantes orgânicos na água de abastecimento em meio à atual catástrofe climática

Foto: Gustavo Diehl/Secom

Fonte: Jornal da Universidade da UFGRS – 5 de junho de 2024

Artigo | A partir de análises em cinco Estações de Tratamento de Água de Porto Alegre, Mariana Sato e Tânia Mara Pizzolato, do Instituto de Química, apontam que a água tratada da Capital está dentro dos padrões de potabilidade

A qualidade da água de abastecimento é de extrema importância para a saúde pública. Diversas doenças são transmitidas pela água e, por esta razão, é importante que se saiba a quais substâncias a população estará exposta caso consuma água contaminada. Entretanto, não são somente microrganismos que podem causar efeitos à saúde humana. Produtos químicos, metais e resíduos de compostos orgânicos, como agrotóxicos e fármacos, podem ser encontrados na água que será captada para tratamento.

Algumas substâncias são chamadas de contaminantes emergentes, pois não contam com legislação que regulamente a quantidade máxima permitida que pode ser encontrada no ambiente. Para outras substâncias, a Portaria 888 do Ministério da Saúde, de 2021, regulamenta quais são os parâmetros de potabilidade da água para consumo humano e define seus valores máximos.

O Laboratório de Química Analítica e Ambiental do Instituto de Química, coordenado pelas professoras Tânia Mara Pizzolato e Mariana Roberto Gama Sato, vem realizando o monitoramento de substâncias orgânicas em águas bruta e tratada, de cinco Estações de Tratamento de Água atualmente em operação na cidade de Porto Alegre.

Esse trabalho, em parceria com o DMAE é complementar ao monitoramento de amostras de água que chegam e saem das estações de tratamento de águas, desenvolvido em uma dissertação defendida no Programa de Pós-graduação em Química no início de 2024. Neste trabalho, estes compostos foram monitorados, no período de setembro de 2022 a setembro de 2023, em água bruta e tratada da ETA São João – Porto Alegre. Os dados da dissertação estão sendo utilizados como referência da situação anterior ao período da enchente atual.

As amostragens e análises se iniciaram no dia 10 de maio e, até o momento, os resultados obtidos indicam que a água tratada que abastece a cidade de Porto Alegre se mantém dentro dos padrões de potabilidade estabelecidos pela legislação. O monitoramento desses microcontaminantes se estenderá por alguns meses.

Os dados obtidos de agrotóxicos e contaminantes emergentes, juntamente com mais uma dezena de outros parâmetros têm por finalidade a avaliação sistemática da qualidade da água de captação que alimenta as ETAs, bem como a água produzida que é entregue à população. O objetivo é garantir, com o auxílio de dados científicos, a qualidade que está sendo produzida pelas ETAs da cidade de Porto Alegre.

Mariana Roberto Gama Sato é professora adjunta do departamento de Química Inorgânica do Instituto de Química.
Tânia Mara Pizzolato é professora titular do departamento de Química Inorgânica do Instituto de Química.


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