O plano de investimentos da Sabesp para o período 2023-2027 contempla recursos da ordem de R$ 26,2 bilhões, sendo que o principal foco é buscar a universalização dos serviços nos 375 contratos existentes e compromissos socioambientais assumidos, conforme revela a diretora de Engenharia e Inovação da empresa, Paula Violante. “A meta da Sabesp é evoluir cada vez mais na prestação dos serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos no Estado de São Paulo, em alinhamento ao Marco Regulatório, que traz desafios na busca na universalização, com prazo para até 2033”, diz.
De acordo com ela, os contratos com os municípios estabelecem metas a serem atingidas. “Os esforços e recursos buscam a realização e universalização de forma a antecipar os benefícios sociais, ambientais e com uma governança e gestão objetivando a eficiência dos processos e a adoção das menores tarifas possíveis para remunerar os ativos e a operação dos sistemas”, salienta.
AMPLIAÇÃO DA ETE BARUERI
O primeiro deles é a ampliação da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Barueri, que eleva sua vazão de 12,5 m³/s para 16 m³/s. A um custo de R$ 96 milhões – com recursos financiados pelo BID –, a obra teve início em fevereiro de 2022 e se encontra com aproximadamente 30% de avanço físico, com previsão de conclusão para o final do ano. Na fase atual, está sendo feita a construção de dois digestores de 10 mil m³ para tratamento dos lodos gerados na unidade, com a implantação de sistema de tratamento de biogás e sistema de aquecimento de lodos, proporcionando melhoria operacional para a fase sólida da planta e a preparação para um projeto amplo de economia circular nas ETEs, alinhados aos propósitos da agenda ESG da empresa.
O principal executor da obra é o Consórcio Consbem-Enfil-Aquamec, constituído pelas empresas Consbem Construções e Comércio, Enfil Controle Ambiental e Aquamec Indústria e Comércio de Equipamentos.
“A ETE Barueri deve ser destacada como uma das principais obras em execução pela empresa em 2023, pois é a maior estação de tratamento de esgotos da América do Sul, que completou em maio deste ano 35 anos de operação”, revela Paula Violante. “O grande desafio é realizar a ampliação com a operação plena da planta, sem causar nenhum prejuízo ao tratamento hoje instalado. Sobretudo porque é uma estação gigante, em tamanho, vazão tratada e impacto positivo no meio ambiente.” Ocupando uma área de 860 mil m2, equivalente a 80 campos de futebol, a ETE Barueri tem mais de 2,3 mil equipamentos instalados e é responsável por quase 60% dos esgotos tratados na Região Metropolitana de São Paulo.
A unidade tem capacidade instalada de tratamento de 16 mil l/s de esgoto e média de vazão tratada em 2022 superior a 14 mil l/s, que segue crescendo. “Com eficiência de remoção de carga poluidora, a estação contribui diariamente para a despoluição dos rios Pinheiros e Tietê”, acentua a diretora da Sabesp.
Além do tamanho da ETE, uma obra dessa natureza exige uma complexidade maior nos serviços de engenharia como terraplenagem, fundação, infra e superestruturas, elementos de vedação, revestimento e cobertura, automação, instrumentação e elétrica necessárias para modernizar os sistemas e elevar a eficiência operacional. “Merece destaque a utilização intensiva de elementos eletromecânicos que compõem a infraestrutura das obras localizadas”, diz. Ela lembra que tecnologias e inovações são amplamente utilizadas na implantação de novos sistemas de tratamento, com equipamentos mais compactos que demandam a utilização de áreas menores e com prazos de implantação também reduzidos, além de outras vantagens.
“A ampliação contempla a modernização da planta por meio da implantação de tecnologias de tratamento do lodo que tem potencial para geração de energia elétrica ao aproveitar o biogás obtido no processo.”
A ETE Barueri iniciou a operação em 1988, com capacidade de tratar 7 mil l/s. Em 1998, foi ampliada para 9,5 mil l/s na primeira etapa do Projeto Tietê e, na terceira etapa, passou por duas ampliações. A unidade saltou para 12 mil l/s, em 2017, e 16 mil l/s em 2018, alcançando capacidade suficiente para atender 7,7 milhões de pessoas. A estação beneficia os municípios de São Paulo, Jandira, Itapevi, Barueri, Carapicuíba, Osasco, Taboão da Serra, Santana de Parnaíba e partes de Cotia, Embu das Artes e Itapecerica da Serra. Outro projeto que faz parte do programa Integra Tietê é a execução das obras do Interceptor ITi-2, Coletores-Tronco e Emissário de Lodo Ativado na RMSP. Ele visa a ampliação do atendimento de tratamento dos esgotos coletados na região norte do município de São Paulo.
O valor investido é de R$ 76,2 milhões e as obras estão 97% concluídas. O ITI-02 foi projetado inicialmente pelo Consórcio YPÊ Engenharia e Gerentec. Posteriormente, sofreu revisão do Consórcio HGE, formado pelas empresas Hidroconsult, Gerentec, Encibra. O Detalhamento Executivo foi feito pela obra. A empresas contratada foi o Consórcio Aliter, Enpasa e Etesco. Já o lododuto foi inicialmente projetado pelo Consórcio Gehidro, formado pelas empresas Gerentec e Hidroconsult. Posteriormente, houve o detalhamento do projeto pelo Consorcio Aliter, Enpasa e Etesco, que fizeram parte da obra (trechos em vala). Finalmente, houve uma revisão do lododuto pelo Consórcio HL. A construtora foi o Consórcio Aliter, Enpasa e Etesco.
O terceiro projeto está sendo desenvolvido na Baixada Santista, que é a ampliação da Estação de Tratamento de Água (ETA) Mambu-Branco, em Itanhaém. As obras envolvem a duplicação da estação de tratamento de água de 1,6 m³/s para 3,2 m³/s. A um custo total de R$ 46,6 milhões, a ETA está 97% de avanço físico nas obras. Já em Botucatu, a Sabesp está investindo R$ 67 milhões na barragem de acumulação de água para regularização da vazão do Rio Pardo. As obras da barragem estão com cerca de 90% dos serviços concluídos. “Obras desse porte são estruturantes, para permitir a ampliação.
Novo Rio Pinheiros Lançado em 2019, o programa Novo Rio Pinheiros visava a despoluição do rio, integrando-o ao contexto da cidade de São Paulo. Essa ação ocorreu em diversas frentes: expansão da coleta e tratamento de esgotos; desassoreamento e aprofundamento do rio; coleta e destinação dos resíduos sólidos; e revitalização das margens; além de iniciativas voltadas à educação ambiental. Sob a coordenação da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (SEMIL), o programa integra vários órgãos. Além da Sabesp, participam: Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE), Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), secretarias de governo, Prefeitura da Cidade de São Paulo e a parceria da sociedade.
“Responsável pelo eixo de saneamento do programa, a Sabesp conectou ao sistema mais de 650 mil imóveis, que passaram a ter o esgoto levado para tratamento – superando em 22% a meta inicial de 533 mil”, afirma Paula Violante. No total, aproximadamente 2 milhões de pessoas passaram a ser atendidas com o ciclo completo do saneamento. “Também é possível notar a volta de peixes e aves em trechos do rio”, completa a diretora da Sabesp.
“Nos trechos de urbanização mais complexos e áreas irregulares, onde há restrições legais, técnicas e mesmo físicas – onde, por exemplo, não há o espaço necessário para implantar estrutura tradicional –, para que as redes coletoras de esgoto sejam instaladas, o Novo Rio Pinheiros inovou com obras civis não convencionais e com a instalação de cinco Unidades de Recuperação (URs) da qualidade da água dos córregos. Essas unidades recuperam o próprio córrego afluente, permitindo que as águas cheguem mais limpas ao Pinheiros”, explica Violante.
Dos sistemas de esgotamento de natureza executiva mais simples e que beneficia diretamente o cliente localizado na ponta das redes mais distantes. De forma geral, as obras de saneamento são essenciais para melhorar a qualidade de vida das pessoas, trazendo melhorias ao meio ambiente, despoluindo córregos e rios, levando água, coleta, afastamento e tratamento de esgotos para áreas vulneráveis”, conclui a diretora da Sabesp.
Paula Alessandra Bonin Costa Violante é graduada em engenharia química pela Universidade Federal de São Carlos (SP), com mestrado em engenharia civil (hidráulica e saneamento) pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) e mestrado supervisionado pelo Centre International de Recherche Sur L’Eau et L’Environnement (CIRSEE), da Suez, na França.
A diretora da Sabesp realizou curso de Controladoria e Finanças pela Fipecafi e participou de Programa de Desenvolvimento Empresarial da Fundação Dom Cabral. Foi diretora de Engenharia e Desenvolvimento Operacional da Iguá Saneamento, diretora de Operação da Spat, atuando também no apoio técnico operacional em contratos de concessão do México e Angola pela Odebrecht Ambiental.
Na Foz do Brasil, Violante foi diretora de contratos em diversas concessões do Estado de São Paulo e Espírito Santo, além de ter atuado na engenharia corporativa. Atuou, ainda, em trabalhos voluntários, como examinadora sênior e relatora de prêmios de gestão (ibero-americano e prêmio nacional da qualidade), além de participar de grupos e câmaras técnicas das bacias hidrográficas.
Água Ligações cadastradas de água 10,1 milhões Estações de tratamento de água 246 Reservatórios 2.631 Capacidade do armazenamento de água (reservatórios) 3,5 bilhões de litros Poços 1.222 Adutoras 6,1 mil quilômetros Redes de distribuição de água 85 mil quilômetros Centrais de controle sanitário 16 Esgoto Ligações cadastradas de esgotos 8,5 milhões Estações de tratamento de esgotos 578 Redes coletoras de esgotos 60,3 mil quilômetros Coletores, emissários e interceptores 2,8 mil quilômetros.
Fonte: Revista O Empreiteiro – 2 de outubro de 2023
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