Foto: Fernando Frazão – Agência Brasil
Resíduos sólidos
Fonte: Agência Brasil, Orizon, Agência Fapesp, Empresa de Pesquisa Energética
Os impactos das mudanças climáticas têm contribuído para a busca de soluções em todo o mundo. O tema ganhou relevância e colocou a questão da transição energética como um dos principais pilares para a redução da emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa, causador do aquecimento da terra.
Os países têm buscado novas matrizes energéticas como forma de reduzir esses impactos. Nesse quesito, o Brasil é destaque internacional por estar acima da média mundial e ter uma matriz elétrica constituída por 84,25% de fontes renováreis como a hídrica (55%), a eólica (14,8%) e a biomassa (8,4%).
O biogás surge como um grande potencial energético do País. Segundo a empresa Orizon, essa fonte energética produzida a partir da decomposição de resíduos orgânicos pode atender a 34,5% da demanda energética do país.
“No Brasil, 74% da energia do biogás ofertado parte dos resíduos de saneamento, mostrando a grande oportunidade para gerenciar os resíduos sólidos de forma circular e responsável, transformando o que seria um rejeito poluente em matéria energética renovável”, informa a companhia.
Um estudo divulgado pela Agência Fapesp mostra que o padrão nacional de composição dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) é de 50% de matéria orgânica, 35% de recicláveis e 15% de rejeitos. O manejo adequado dessa matéria permitiria ao País reduzir a sua taxa de emissão de gases de efeito estufa e teria uma fonte adicional de receita, graças à prática de economia circular, que transforma resíduos em recursos.
“Caso sejam adotadas ações de melhoria, como tecnologias que integrem compostagem, reciclagem e o aproveitamento do metano dos aterros para a geração de bioenergia, as emissões produzidas pelos sistemas municipais de gestão de resíduos sólidos poderão ser reduzidas de 6%, segundo uma perspectiva bem conservadora, a 70%, em uma mais otimista. Isso corresponderia a uma redução de 4,9 a 57,2 milhões de toneladas de CO2 equivalente, aportando benefícios econômicos anuais de US$ 44 milhões a US$ 687 milhões em créditos de carbono”, diz o pesquisador Michel Xocaira Paes, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Um estudo da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), a partir de um cenário com 58% de todo o RSU gerado no País, em 28 regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes, somados aos municípios com mais de 200 mil habitantes, poderão ser demandados investimentos de R$ 78,3 bilhões, nas 274 Unidades de Recuperação Energética, Biogás, além de instalação de centrais de reciclagem e termoelétricas de captura de gás de aterro não computadas nesse valor.
No cenário apresentado, foi considerado o tratamento de 46 milhões de toneladas de RSU por ano e gerados 15 mil empregos diretos, e evitados 63 milhões de toneladas de CO2 equivalente, o que corresponde a 192 milhões de árvores plantadas por ano, área similar ao Município de São Paulo.
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o biogás traz oportunidades pela sua possibilidade de pulverização e capilaridade da oferta, com geração situação próxima ao centro de consumo, bem como grande potencial de geração distribuída alavancando o desenvolvimento regional, entre outros benefícios. Segundo estudos, a produção nacional de biocombustível pode representar, em 2030, de 1 a 2 vezes o volume médico de gás natural importado da Bolívia em 2019.