Como a falta de saneamento agrava a escassez hídrica em períodos de secas severas?

Como a falta de saneamento agrava a escassez hídrica em períodos de secas severas?

Acesso ao saneamento é um dos principais pilares para mitigar os impactos negativos das grandes secas

O Brasil está enfrentando uma das piores secas de sua história, de acordo com a nota divulgada no início de setembro pelo Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). A nota aponta que houve um agravamento da seca no Acre e no oeste do Amazonas. Cerca de 200 municípios continuam em condição de seca extrema, com destaque para São Paulo (82 municípios), Minas Gerais (52), Goiás (12), Mato Grosso do Sul (8) e Mato Grosso (24).

Diante deste cenário de estiagem e déficit hídrico, a realidade precária do saneamento no Brasil contribui para que milhões de habitantes ainda fiquem sem acesso à água. Atualmente, 32 milhões de pessoas não têm acesso a água potável em suas residências. A situação se torna ainda mais alarmante ao observar que o país desperdiça mais de 7,6 mil piscinas olímpicas de água potável todos os dias devido à ineficiência nos sistemas de distribuição, conforme dados de um estudo do Instituto Trata Brasil.

As secas prolongadas causam pressão excessiva nos sistemas de saneamento, impactando diretamente as fontes de abastecimento do recurso hídrico. Com a redução dos níveis de precipitação, os rios, lagos e reservatórios enfrentam a diminuição de seu volume de água, o que afeta diretamente a capacidade de abastecimento. Além disso, o despejo irregular de esgoto nos corpos hídricos contamina a água e compromete sua qualidade, o que fomenta a proliferação de doenças associadas à ausência de saneamento.

Segundo o relatório do Cemaden, a situação de seca na região Norte do país é particularmente crítica, durando mais de 12 meses e, em algumas áreas, até 24 meses. O cenário se agravou com o aumento do risco de propagação de incêndios e o impacto severo na capacidade hídrica dos rios da região. O Norte do país abriga duas importantes bacias hidrográficas: a Bacia Amazônica, a maior do mundo, e a Bacia do Tocantins.

Por fim, a nota ainda alerta que a previsão meteorológica indica um provável atraso no início da próxima estação chuvosa, o que resultará na prolongação do período de estiagem nos rios de todas as regiões do país, com exceção da região Sul.

As mudanças climáticas são uma realidade cada vez mais próxima em todo o mundo. Para mitigar os impactos negativos de grandes secas, a universalização do saneamento é um pilar fundamental para garantir que a população tenha acesso à água potável. Portanto, é essencial promover novas tecnologias e inovações para preparar melhor o país para esses cenários. Além disso, é necessário que os decisores públicos se empenhem em projetar cidades de forma inteligente e sustentável, visando assegurar a qualidade de vida da população.

Fonte: Instituto Trata Brasil – 17/09/24

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