Ser líder de uma empresa de Saneamento significa estar sempre preparado e pronto a vencer um grande desafio, que se renova a cada dia. As condições mudam constantemente, os recursos são escassos e problemas do dia a dia e stress crônico prejudicam o desempenho. Cada desafio testa os limites da força, resistência e agilidade da sua organização.

Os últimos anos ofereceram muitos exemplos de obstáculos que expuseram os responsáveis pelas empresas de saneamento nas manchetes dos jornais e críticas da população, como eventos climáticos extremos, falhas e falta de infraestrutura, contaminantes nocivos, deterioração nas fontes de água bruta, seca extremamente prolongada apenas para citar alguns casos.

Embora a maioria das causas estivesse fora das mãos dos dirigentes destas Empresasos eventos acabaram por prejudicar a reputação das organizações, quebrando a confiança dos clientes e em alguns casos, levam até casos graves de saúde pública. Este cenário pode ser muito prejudicial, mas raras vezes são tema de discussões e planejamento de longo prazo, de como termos uma estrutura resiliente e que atenda à população, mesmo diante destes fatores negativos.

Questões como acessibilidade, infraestrutura envelhecida e escassez de água podem não ser imediatamente percebidas e tratadas, mas podem levar ou agravar eventos que chegam às manchetes com grande alarde e repercussão.

Juntos, esses choques e fatores negativos podem ser a alavanca necessária para levar as concessionárias a se reinventar e adquirir esta resiliência a partir de uma postura mais proativa e sustentável.

Para chegar lá, seus dirigentes e responsáveis precisam adotar uma mentalidade adequada para o futuro que avalie a resiliência tanto da qualidade e atualidade de seus ativos, quanto das perspectivas organizacionais.

Isso melhora a maturidade e percepção do Corpo Técnico das Empresas para que possam reduzir os obstáculos e não permitir que se tornem problemas graves, que acabam chegando aos jornais, com efeitos greves na imagem de quem presta este serviço essencial.

Ser resiliente torna as Empresas aptas para o futuro, mesmo quando a definição do que isso significa evolui e se atualiza.

Pergunte a um personal trainer, nutricionista ou especialista em preparação física o segredo para se manter em forma e você provavelmente ouvirá uma variação da mesma mensagem:

Da mesma forma, as Empresas de Saneamento que se esforçam para adquirir resiliência adequada para o futuro devem adotar uma mentalidade de saúde preventiva que vá além das avaliações programadas e das medidas de mitigação de riscos.

Estas Empresas devem ajustar seus "estilos de vida" para estabelecer a resiliência como um valor central, tornando seu “condicionamento” ativo e melhorias na saúde organizacional, um esforço contínuo.

Pense em alguém tentando diminuir o risco de ter um ataque cardíaco. Há uma grande diferença entre “meu médico está me forçando a fazer dieta e exercício” e “meu médico está me ajudando a entrar em forma, comer saudável e monitorar minha saúde”.

Muitas vezes, eventos graves (ataques cardíacos) e requisitos regulatórios (ordens médicas) — consequentes ou não — impulsionam a necessidade das Empresas a investirem em resiliência.

Mas essa abordagem é sustentável, ou mesmo, funciona como pretendido? As preocupações do Governo ao colocar em prática o novo Ambiente Regulatório do Saneamento no Brasil levará, sem qualquer sombra de dúvidas, a uma seleção daquelas Empresas que estiverem mais bem adaptadas a este novo ambiente. A obrigatoriedade de Universalização dos Sistemas de Água e Esgotos para a população Brasileira privilegiará os mais bem preparados e mais resilientes aos impactos, níveis de stress, da mesma forma que acontece com os grandes e bem preparados atletas.

Será que isso que está impulsionando a resiliência das Empresas de Saneamento, onde está o incentivo para melhorar?

Estes Líderes e Empresas devem abandonar suas posições reacionárias. É hora de construir mentalidades resilientes que se concentrem na preparação para emergências e novos desafios, o que aumentará proativamente as habilidades das concessionárias para atender os clientes, simplificar as operações e reduzir

custos.

Em resumo, Lideres e Empresas devem mudar seu estilo de vida e estarem preparados para vencer esta maratona.

Fortes impactos tendem a dominar o foco dos pontos de resiliência. Mas ignorar o stress crônico, pelo qual todos passamos, contribui para amplificar estes choques. Para um corredor, um tornozelo inchado pode não ser o fim do mundo. Mas se a dor e o inchaço não forem controlados, estes pequenos problemas podem levar a uma lesão grave como um osso quebrado ou ligamento rompido. Os Líderes desta empresas precisam se perguntar: Estamos adequadamente cuidando de nossas dores?

Abraçar uma mentalidade resiliente significa dar ampla atenção ao stress crônico em vez de "jogar convivendo com dor". Alguns pontos críticos são evidentes, enquanto outros são mais sutis. Qualquer que seja o tipo, eles podem ser encontrados em todo o espectro de pessoas, ativos e ambientes envolvidos dentro deste cenário da empresas. Por exemplo:

Diariamente cerca de 40% do volume de água produzido no Brasil são perdidos devido ao envelhecimento e falta de manutenção nos sistemas de abastecimento públicos. Com mais de 90% da população urbana sendo atendida por sistemas de abastecimento de água, é possível imaginar que o volume perdido, literalmente sendo jogado fora, representa um custo em termos financeiros enorme, ou ainda pior, recursos sendo jogados fora quando há outras prioridades, como saúde e educação, deixando de serem atendidas.

O Brasil tem hoje cerca de 730 mil km de redes de abastecimento e mais de 60 milhões de ligações de água, que precisam de cuidados nos 365 dias do ano. Claramente estamos falando de uma maratona para a qual as Empresas de saneamento devem estar preparadas, bem como suas Equipes. Elaborar e implantar planos de manutenção e operação de infraestruturas envelhecidas requer investimentos e muita resiliência dos dirigentes emGestão de Ativos que incorporem critérios estes critérios.

Hoje há plena consciência de que água é um bem finito e que temos que estar preparados para seu uso consciente e evitar desperdícios a qualquer custo. Para isto as Empresas têm que estar preparadas tal qual um atleta para correr sua maratona. Existem exemplos em torno do mundo onde ativos, por vezes centenários estão produzindo e cumprindo seu papel, graças ao zelo e capacidade das Equipes que os mantém bem conservados e fazendo de novo a comparação, prontos a correr a maratona.

Alguns dos fatores que levam a um desempenho ruim não são tão evidentes quanto a rede de distribuição que joga fora no Brasil quase que metade da água que passa por lá. Uma das mais importantes e não visíveis são os trabalhadores com habilidades para manter e proteger cada vez mais os sistemas de produção e distribuição de água, trabalhadores estes, cada vez mais escassos em todo o setor.

A cada dia as soluções digitais tomam conta de todos os setores e o da Água não fica de fora, com a necessidade de prepararmos nossa Equipes, ou seja, nossos atletas para este outro tipo de maratona. Novos métodos e novos times têm que ser preparados e novamente, resiliência e foco devem ser prioridades. Além disso, setores da força de trabalho estão atingindo a aposentadoria, levantando preocupações sobre a transferência de conhecimento à medida que as organizações passam de documentação historicamente pesada para a manutenção de registros digitais.

As expectativas dos clientes também desempenham um papel no ecossistema de resiliência. Suas expectativas estão aumentando e ignorar os clientes pode levá-los a forçar mudanças muitas vezes doloridas e não passiveis de aplicar corretamente.

Tempo de atendimento a consumidores, pode ser letal a imagem de uma Empresa de Saneamento. Transparência e eficiência precisam estar no foco dos Lideres das empresas, de forma a atender e respeitar seus clientes, como gostariam de serem respeitados quando estão na posição de clientes ou consumidores. Isto é importante para uma empresa, tanto quanto sua capacidade de resposta a um estímulo físico para uma atleta maratonista.

Com o novo Marco do Saneamento, espera-se que a universalização do fornecimento de água e coleta e tratamento de esgoto se tornem realidade no Brasil, mas será que nossa população terá capacidade de suportar estes custos? As Empresas de saneamento devem ser saudáveis e eficientes, tal qual um maratonista, para oferecer um serviço de qualidade e a um custo acessível a todos.

Temos hoje um custo médio de R$10,00/ m3 de água mais esgoto, o que leva a um custo da conta de água para cerca de R$100,00 se considerarmos a tarifa mínima de 10m3 por ligação ou família.

É preciso a reflexão de que este olhar linear pode levar a impossibilidade de muitas famílias não terem acesso a este bem tão precioso, não porque a infraestrutura não exista, mas porque não podem arcar com este custo. Cabe às Empresas de Saneamento buscar a melhor eficiência para possibilitar o acesso, também universal a este bem, a que todos têm direito.

A mudança pode ser difícil — especialmente com algo tão complexo e feito dentro das Empresas de Saneamento,mas os benefícios potenciais superam o desconforto temporário e as Equipes não precisam começar do zero ou irem sozinhas.

Podemos imaginar cinco etapas para orientar os Times que desenvolverão através deste processo

Por fim, o que deixaremos como legado aos nossos sucessores e futuras gerações que se beneficiarão deste trabalho?

Uma mentalidade adequada para o futuro pode ajudar as Empresas de Saneamento a realizar operações mais eficientes, desenvolver uma força de trabalho estável e capaz, um programa de gastos transparente e totalmente defensável, além de uma forte capacidade de fornecer um excelente atendimento aosusuários

.

Mais importante, irão criar mudanças que duram. Sempre haverá outra maratona para correr, obstáculo para transpor, ou barreira para superar. Se sua Empresase preparar e ficar em forma, estará apta a superar desafios de resiliência de qualquer tipo.

Somos e seremos responsáveis por esta transformação e seremos lembrados na história pela melhoria da Qualidade de Vida de toda uma população. Lembre-se disto e da sua responsabilidade como o mentor desta transformação.